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Eu, coruja...

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Observo o que ninguém vê.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O FIM DA BURCA É SÓ O COMEÇO...

http://verbeat.org/blogs/sergioleo/2010/07/o-fim-da-burca-e-so-o-comeco.html



O fim da burca é só o começo

Muito louvável o esforço do governo francês para livrar as mulheres dos grilhões impostos pela cultura machista, que aprisionam o sexo frágil a regras severas de vestimenta e aparência. Começaram pela burca, proibida, segundo argumentam, porque é uma violência contra a liberdade das mulheres. Mas, claro, isso deve ser só um passo numa batalha muito maior, do Estado contra o uso dos costumes (nos dois sentidos) para oprimir o sexo mais cheio de curvas.

O próximo alvo do governo feminista será, certamente, o outro extremo do espectro no sistema fabril, as Fashion Week mundiais, onde uma conspiração de estilistas apreciadores de efebos violenta a liberdade das mulheres, ditando de forma arbitrária que as roupas a serem vestidas pela porção feminina da sociedade devem caber em corpos esqueléticos com formas de pré-puberdade. Artigo primeiro, sobre a assinatura de Nicolas Sarkozy: estão proibidos das ruas francesas o jeans de periguete, a propaganda manipulada por computador com modelos de silhueta retocada, as operações plásticas sob motivos "estéticos".

Os xiitas da moda vão reclamar, claro, alegar que as mulheres obrigadas a seguir os padrões "estéticos" ditados por eles exercitam sua vontade própria, seu gosto pessoal, sua opção individual. Sabemos que não é assim, que seus homens e a sociedade falocrata as obrigam a esse comportamento, sob pena de marginalização social, ou coisa pior.

A coragem da França em tocar no tabu das liberdades individuais em matéria de aparência pessoal, logo ela, finalmente libertará as milhões de mulheres oprimidas pela moda despótica, que condena as fêmeas ocidentais a esconderem os corpos ou a se submeterem a mutilações ou deformações pelas quais são obrigadas a pagar quantias altíssimas.

Deve ser complicadissima a formulação legal pela qual o governo francês regulará as decisões das cidadãs para proibir os implantes de silicone, as roupas impossíveis de serem vestidas pelas gordinhas, os decotes criados para mulheres inviáveis, os modelos impostos pelas cadeias de departamento, a custa de traumas indizíveis nas mulheres normais, incapazes de seguir o padrão decretado pelos fundamentalistas do photoshop.

Mais fácil é legislar sobre a burca, porque é a opressão mais evidente, imposta de maneira mais direta. Mas a França dos semiólogos, de Foucault, Deleuze e Derrida sabe bem os mecanismos sutis de dominação sobre as mulheres e as minorias. Não ia deixar barato. Não poderia enfrentar apenas o abuso de poder dos exageros muçulmanos. Há que se pensar grande, como pensou Sarkozy, ao mirar a longas pernas de Carla Bruni.

O decreto ambicioso virá. O Estado sentiu o prazer e o dever de romper os limites do comodismo e agir em favor dos interesses das mulheres, nem que, para isso, seja necessário punir severamente as próprias mulheres a quem se quer proteger.

Aguardai, mulheres, sua libertação está próxima!!! Hoje, a burca. Amanhã, o mundo!!!!!!!!

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